terça-feira, 17 de maio de 2011

Sex Shop


Sempre tive vontade de escrever sobre o universo dos brinquedos eróticos, mas duas coisas me impediam. Primeira, minha total desinformação a respeito, já que não sou usuária. Segunda: a dificuldade de encontrar o tom certo, sem cair na vulgaridade. Porém, depois de assistir no cinema ao despretensioso De Pernas pro Ar, com Ingrid Guimarães e Maria Paula dando aula sobre o assunto de maneira nada vulgar, e sim divertida, resolvi me atrever.

Não conheço muitas mulheres que façam uso de vibradores e demais produtos que complementam o prazer. Dentre as da minha turma, creio que uma ou outra talvez entre numa sex shop para comprar alguma lingerie mais provocante, mas somos de uma geração (a das cavernas) que não se rendeu à indústria do desejo – o sexo artesanal ainda nos parece bem eficiente.

A comercialização do sexo, que antes era sinônimo de prostituição, hoje é um bem-sucedido setor de negócios em crescente expansão. O sexo está na internet, atendendo a todo tipo de anseios da libido, e é apelo para vender tudo: roupas, cosméticos, revistas, medicamentos. Estamos sendo coagidos a gozar muito além da cama. E nela, claro, obrigatoriamente. Então é lógico e natural que se crie uma diversidade de produtos para facilitar a realização de desejos que antes eram primitivos, e que hoje passaram a ser culturais.

Outro aspecto da questão é que muito do que consumimos visa atender nossas carências infantis, e nada como um brinquedinho com pilhas. Talvez seja esse o motivo de eu não ter feito meu cadastro nesse supermercado erótico: nunca fui muito fã do mundo infantil, sempre preferi brincar de gente grande. Minha infância foi saudável e bacana, mas eu não trocaria as emoções adultas pelos quintais do meu passado. Acho bonito cultivar uma certa inocência diante da secura da vida, mas vou até aí. Não sou de fazer bilu-bilu em todo elemento que use fraldas e não morro de saudade das minhas bonecas. Meus brinquedos preferidos sempre foram os livros, e seguem sendo. Teve também o cinema, que nunca deixou de me encantar, e os discos. Outro brinquedo inesquecível foi a máquina de escrever, que evolui para o computador. E gosto de dirigir um carro tanto quanto um homem. O duplo sentido da frase não foi proposital.

Talvez eu seja um caso perdido, mas o uso de brinquedos eróticos me remete a um universo muito censura livre, quase circense. Me excito com o que segue sendo proibido para menores, e acredito que o sexo ainda merece que a gente se esforce um pouco.

Martha Medeiros

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