quinta-feira, 22 de setembro de 2011

LVIII


Deus me livre ter a ideia descabida
De, escravo, restringir vosso tempo de gozo,
Ou de exigir me deis conta da vossa vida,
Eu, vassalo empenhado em fazer-vos ditoso!
Ah!, deixai-me sofrer, assim, ao vosso mando,
A ausência em que me prende a vossa liberdade,
E os reveses da sorte ir, paciente, arrostando,
Sem ver, por isso, em vós, nem sombra de maldade.
Vivei, pois, à vontade. O vosso condão vence
O próprio tempo, nele influindo de tal jeito,
Que em tudo vos atende. A vós, certo, pertence
Perdoar o crime, até, que hajais contra vós feito.
    À espera eu fico e, embora infernal seja a espera,
    Não maldigo o prazer que a alma vos refrigera.

William Shakespeare


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